31 de out. de 2011

Formação para Missionários - A missão começou!

Pregação de Dedé Mendonça - Coord. MJ CE
Estamos no meio da preparação da 1ª Edição da Missão Jesus no Litoral no Ceará - #JNLCe. Esta ação missionária da RCC Ceará é organizada pelo Ministério Jovem estadual e pela coordenação paroquial da RCC no município de Camocim (Paróquia Bom Jesus dos Navegantes).



Alguns missionários locais.
Galera muito animada!!!

No último dia 23 de outubro estivemos no município que sediará a missão para formar os missionários locais e definir a programação da Missão JNL. Foi uma bênção estar com pessoas tão dedicadas a evangelização. Glória a Deus!








Filho - MJ CE e Dalmir - RCC Barroquinha
Pudemos ainda participar da missão em comemoração aos 25 anos da RCC do município de Barroquinha. Uma benção de Deus, pois mostra que o Espírito Santo, por meio da RCC, tem transformado as pessoa e a Igreja nos mais diversos locais do país.


É com esta esperança que queremos levar 150 jovens missionários de todo o estado do Ceará para anunciar o nome de Jesus em Camocim. Este é um sonho antigo do Ministério Jovem e uma meta que busca valorizar a juventude de nosso movimento e mostrar a força deste povo chamado por Deus a ser Sentinela da Manhã.


Por isso, estaremos realizando a primeira formação de missionários na arquidioceses de Fortaleza no grupo de oração Kairós, que se reúne na paróquia do José Walter. Se você desejar conhecer melhor o que é a missão JNL, venha e se junte ao Exército de Jovens Missionários



Mais informações sobre a Formação dos Missionários da #JNLCEARA:
Local - no Grupo de Oração Kairós que acontece na Matriz da Paróquia Santíssima Trindade, José Walter, Fortaleza/CE (Veja o mapa abaixo)

Exibir mapa ampliado

Horário - de 8h as 18:30 do sábado, dia 05/11/2011
Custos: O almoço será marmita no valor de R$ 6,00 e leve um pacote de biscoito pra partilha do lanche.


Mais dúvidas pode perguntar!!!

Dia das Bruxas? Véspera de Todos os Santos!!!

Fonte: jovensconectados.com.br

Um grupo de jovens do Movimento Regnum Christi de Brasília lançou no último fim de semana umacampanha no Facebook para promover o dia de Todos os Santos, celebrada dia 1º de novembro, e o real sentido do Halloween, palavra originada da expressão inglesa “all hallow’s eve” que significa asvéspera do dia de Todos os Santos, no qual se dá início as celebrações desta Solenidade da Igreja.

A idéia surgiu durante o encontro que fazem semanalmente para meditar a Palavra, orar e debater sobre algum caso de vida prático de algum dos participantes. “Nesse dia, apresentei ao grupo a questão de como cristãos, talvez por uma fé ainda frágil, passam a frequentar outras religiões.” – contou Renan, que tem em seu trabalho um colega que há algum tempo passou a frequentar outra religião.

A discussão não só girou em torno das diversas razões que levam cristãos a procurar outras seitas, mas também de qual deve ser nossa atitude como católicos diante dessa situação. “O caso do colega do Renan me chamou a atenção, pois o que motiva as pessoas a buscarem as seitas, na maioria das vezes, é o fato de estas serem mais permissivas em alguns aspectos. É como se quisessem rebaixar os critérios de Deus à nossa conveniência”, disse Vinícius. Caso similar foi apresentado por Alexandre, ao recordar que uma paroquiana deixou a Igreja, por achar que a santidade é algo impossível.

- Muitos tem uma idéia equivocada dos santos - comentou o jovem Lucas ao citar trecho do discurso do Papa aos jovens em sua recente viagem à Alemanha:

“Queridos amigos, a imagem dos santos foi repetidamente objeto de caricatura e apresentada de modo distorcido, como se o ser santo significasse estar fora da realidade, ser ingênuo e viver sem alegria. Não é raro pensar-se que um santo seja apenas aquele que realiza ações ascéticas e morais de nível altíssimo, pelo que se pode certamente venerar mas nunca imitar na própria vida. Como é errada e desalentadora esta visão! Não há nenhum santo, à exceção da bem-aventurada Virgem Maria, que não tenha conhecido também o pecado e que não tenha caído alguma vez.

Queridos amigos, Cristo não se interessa tanto de quantas vezes vacilamos e caímos na vida, como sobretudo de quantas vezes nós, com a Sua ajuda, nos erguemos. Não exige ações extraordinárias, mas quer que a sua luz brilhe em vós. Não vos chama porque sois bons e perfeitos, mas porque Ele é bom e quer tornar-vos seus amigos. Sim, vós sois a luz do mundo, porque Jesus é a vossa luz. Sois cristãos, não porque realizais coisas singulares e extraordinárias, mas porque Ele, Cristo, é a vossa, a nossa vida. Vós sois santos, nós somos santos, se deixarmos a sua graça agir em nós.”

Diante disso, o grupo teve a idéia de aproveitar a proximidade da Solenidade de Todos os Santos para lançar essa campanha e mostrar que não só é possível ser santo, como se tem vários milhares canonizados, e uma imensa quantidade de Santos não canonizados, mas que já estão gozando de Deus no Céu e que são celebrados dia 1º de novembro. A campanha também busca resgatar o correto sentido do Halloween, que não é noite das bruxas, mas a lembrança dos Santos, celebração da vitória, da nova vida com Cristo no céu!

Participe você também e ajude a divulgar: www.facebook.com/TodosOsSantos

Por Vinícius Andrade e Alexandre Martins, do Regnum Christi

MJ de Iguatu se prepara para receber a #CruzJMJ


30 de out. de 2011

Papo de Domingo

“AMARRAM PESADOS FARDOS

E OS COLOCAM NOS OMBROS DOS OUTROS”(Mt 23,4)

31º Domingo do Tempo Comum - Ano A

Olá, amigos Sentinelas da Manhã! Após duas semanas em que não pude, por motivos de saúde e de viagem, preparar este Papo de Domingo, retorno hoje com uma tarefa um pouco amarga... É!!! O Evangelho nem sempre é adocicado e Nosso Senhor, manso e humilde de coração, também sabe ser duro quando necessário, especialmente no tocante àqueles que são responsáveis pela condução de seu povo... Hoje Jesus exorta aos fariseus e doutores da lei... Mas sua exortação serve para todos nós, especialmente os que exercem cargos de liderança em sua Igreja.

O Farisaísmo

Os fariseus eram um grupo bastante importante para o judaísmo do tempo de Jesus. Eles surgiram logo após o Exílio da Babilônia, quando o povo de Deus, ansiava pelo retorno do Messias a fim de que restaurasse a soberania de Israel e lhe devolvesse o antigo brilho dos tempos de Davi e de Salomão. O grupo dos fariseus considerava ser necessário a prática fiel de todas as leis e costumes do judaísmo, a fim de que Deus pudesse enviar o seu Messias. Alguns chegavam a dizer que, se o Povo de Deus cumprisse a lei por no mínimo dois sábados, o Messias apareceria a Israel.

Isto não seria problema se as leis e costumes criados pelo Povo de Israel fossem simples... Não eram. As normas versavam sobre todos os aspectos da vida, e era praticamente impossível cumpri-las todas. Além disso, todas as leis eram tidas como sumamente importantes. Isso significava que, segundo a concepção farisaica, a mínima transgressão de um pequeno costume que fosse, implicava no castigo divino de todo o povo, que deveria aguardar por mais tempo a vinda do Messias.

Muitas pessoas não conseguiam cumprir essas normas, ou por impedimento de ofício, ou porque não se sentiam capazes de fazê-lo. Os pastores, por exemplo, não conseguiam cumprir a lei do sábado. Muitas viúvas, por não terem como se manter, eram obrigadas à prostituição. Os cobradores de impostos também eram tidos como pecadores inveterados. Estes e outros grupos de pessoas que não conseguiam cumprir a Lei eram excluídos do convívio social. A exigência quase doentia dos fariseus gerava angústia, exclusão, sofrimento e dor em muitas pessoas.

Para complicar as coisas, alguns fariseus conseguiam encontrar brechas na lei para burlá-la a seu favor, causando enormes injustiças. Por exemplo, havia uma lei orientando os filhos a sustentar os pais na velhice. Algo óbvio e sensato. Porém, segundo interpretações farisaicas, se o filho fizesse doação ao Templo, ficava isento dessa obrigação. Muitos idosos morriam às mínguas sem uma ajuda sequer de seus filhos.

Mas o Messias veio assim mesmo...

O Farisaísmo não percebeu o óbvio: Deus deseja muito mais do que o mero cumprimento de um conjunto de normas e regras. Deus deseja a justiça em todos os aspectos da vida humana. Por esse motivo, o Messias não esperou que o povo cumprisse todas as normas e regras da Lei... Ele veio para os pecadores mesmo.

Jesus subverteu toda a lógica farisaica e, ao invés de exigir a conversão dos pecadores para somente então se aproximar deles, foi ao encontro dos mesmos enquanto ainda estavam em pecado. Enquanto o farisaísmo passava a impressão de que Deus era um exigente juiz, Jesus revelou que Deus apostava na capacidade humana de sempre ser melhor, independente se esta pessoa estava longe ou perto do ideal. A prática de Jesus revelou que o amor, a misericórdia e a confiança dão mais resultado do que a cobrança, a exigência e a punição.

Jesus denunciou a prática farisaica, chamando-a de hipócrita. Hipocrisia significa julgar o outro como sendo inferior a si. Hipócrita é aquele que utiliza critérios baixos para selecionar as pessoas, condená-las, rotulá-las. O hipócrita não consegue perceber-se fraco. Considera-se totalmente fiel a Deus e, por isso, pode condenar os demais e desprezá-los, afinal, Deus está do lado dele. O hipócrita acha que Deus tem a obrigação de estar com ele porque ele julga estar com Deus e fazer exatamente o que Deus lhe pede. Jesus condenou esta prática, recusando-se a julgar os pecadores. Ao contrário, Ele juntou a adúltera do chão, entrou na casa de Zaqueu, aceitou que uma mulher de má fama lhe ungisse os pés com as lágrimas, acolheu o beijo de Judas, perdoou o ladrão arrependido. A atitude de Jesus revela postura diametralmente oposta à conduta farisaica – e esta é a postura de Deus.

Além disso, Jesus renovou a lei e lhe deu um sentido: o amor. Jesus revelou que há uma hierarquia nas normas dadas por Deus para a nossa vida. E a primeira delas, que subjuga todas as outras, é o mandamento do amor. Não há nada mais importante do que amar. Se amarmos a Deus e ao nosso próximo, cumpriremos toda a lei e viveremos exatamente aquilo que Deus deseja.

O risco do cristão...

Nós, cristãos, corremos o mesmo risco do farisaísmo. Não é raro encontrarmos “seguidores” de Jesus que assumem posturas legalistas. Acham que por cumprir uma série de normas da moral cristã estão de acordo com Deus e por isso podem viver tranquilas. Será que alguém, por melhor que seja, por mais que viva todas as normas da moral cristã, pode se colocar no direito de dizer que Deus está do lado dela, contra os pecadores?

Outra pergunta interessante: algum de nós consegue amar na mesma profundidade que nosso Deus Amor nos amou em Jesus Cristo? Porque essa é a moral do cristão – o amor aos moldes de Jesus! Nós amamos de modo limitado e por mais que nos esforcemos, jamais poderemos agir como Deus, porque Ele é o Senhor, nós, servos inúteis, que não fazemos nada mais do que deveríamos ter feito. Portanto, nada e ninguém têm o direito de se arvorar como o “dono de Deus”, condenado seus opositores. Repito: ninguém.

Também não é incomum encontrarmos “cristãos” que acham que não podem conviver com este ou aquele “tipo” de pessoa. Não é raro correntes “católicas” que se sentem no direito de julgar os próprios irmãos, colocando-se em um lugar que nem mesmo Deus, na pessoa de Jesus Nosso Senhor, quis para si. Pessoas que condenam movimentos e pastorais, julgam posturas eclesiais, acham que porque usam este ou aquele tipo de roupa, ou praticam esta ou aquela forma de piedade, ou porque fazem esta ou aquela opção social, podem excomungar todo o resto dos fiéis católicos. Estas e outras correntes excluem pessoas que nem sempre conseguem cumprir os ideais de seu grupo. Acham-se donos da moral, donos de Deus, considerando-se os únicos verdadeiramente fiéis ao Evangelho. E, em nome de suas posturas, excluem pessoas que não conseguem viver na integralidade seus ideais.

Irmãos! Jamais direi que não precisamos de normas, e que a moral não é importante. Ela é sim! Ela nos dá parâmetros e nos ajuda a viver o mandamento do amor. Não podemos questionar nossa moral! Mas não temos o direito de excluir pessoas porque elas não conseguem vivê-la! O que nos impede de convivermos com pessoas pecadoras? Elas não vivem nossas normas, mas não podem ser privadas do nosso amor. Aliás, todos nós fomos amados enquanto ainda éramos pecadores. Portanto, não podemos deixar de amar, se quisermos cumprir à risca a lei do Senhor. O amor é o cumprimento perfeito de toda a lei, de toda moral, de toda doutrina.

Mesa dos pecadores

A Eucaristia é a mesa dos pecadores reconciliados. Jesus a instituiu enquanto Judas estava prestes a traí-lo e Pedro estava a negá-lo. Deus não deixa de estar conosco mesmo quando somos pecadores. Ele se faz pão da vida, remédio que nos salva. Somos imperfeitos, porque somente Deus é perfeito. E a Igreja foi feita para nós. Jesus veio para os pecadores... Se quisermos que Ele esteja conosco, precisaremos reconhecer nossa imperfeição. Encerro com uma canção do Pe. Zezinho, gravada pelo Pe. Fábio de Melo. Meditemos sobre essa linda inspiração do Espírito:

Assista o Vídeo e ouça a canção: http://youtu.be/X3P9A5ZTcik



CANÇÃO DOS IMPERFEITOS


E se for pra semear a esperança num jardim
E se for pra desculpar uma criança eu digo sim
E se for pra perdoar não tenho escolha
Também sou pecador, também preciso de perdão
Não sou santo nem sou anjo e nem demônio eu sou só eu
Imperfeito, insatisfeito, mas feliz, aqui vou eu
Eu sou contradição, eu sou imperfeição, só deus é coerente
Já sorri, já fiz feliz, já promovi, já elevei
Já chorei. já fiz chorar, já me excedi, já magoei
Eu tenho coração mas sou contradição só deus acerta sempre
Por isso eu canto esta canção, canção de amor arrependido
Ao deus que é pai, ao deus que é paz, ao deus que é luz, ao deus que é vida
Pois quando a gente cai deus age como pai Perdoa, perdoa
E torna a perdoar e ensina como amar
Eu sou contradição eu sou imperfeição, mas deus, ele é perdão.

Composição: Pe. Zezinho, scj

28 de out. de 2011

Diocese de Sobral ganha paróquia


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D. Odelir José Magri, bispo diocesano

Fonte: Diário do Nordeste

A festa de instalação da nova paróquia, de Coração de Jesus, e posse do novo pároco será às 19 horas

A Diocese de Sobral ganha, a partir de amanhã, a sua 38ª paróquia. É a de Coração de Jesus, nesta cidade, que deixa de ser capela da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio. A festa de instalação da nova paróquia será, às 19 horas, com a leitura do decreto diocesano pelo bispo dom Odelir José Magri. Na oportunidade, será empossado como primeiro pároco da Coração de Jesus, padre Francisco Alves Magalhães.
Com a ida de Francisco Alves Magalhães para a Paróquia do Coração de Jesus, a Diocese começa a fazer o rodízio de padres. O vigário geral da Diocese de Sobral, monsenhor Gonçalo de Pinho Gomes, revela que padre Magalhães deixa a Paróquia do Patrocínio pela de Coração de Jesus. Outras quatro mudanças foram anunciadas pelo chanceler da Diocese, padre Nonato Bastos. Padre José Fábio Mota deixou a Paróquia de São Paulo Apóstolo e deve ser transferido para uma outra paróquia ainda não definida. Em seu lugar assumiu, na São Paulo Apóstolo, padre Zenóbio Gomes Silveira.

Padre Marcos Neves de Oliveira fica na paróquia de Massapê até o próximo domingo (30), quando às 19 horas haverá uma missa de despedida. No dia 6 de novembro, padre Marcos assume a paróquia de Freicheirinha. Padre Nicodemos de Sousa sai dia 30 de Freicheirinha e vai para Massapê e depois se aposenta em Aranaú (Acaraú).

"Estarei completando um ano, na Diocese, em 12 de dezembro. E agora me sinto mais a vontade. Mais em casa. Conheci a realidade da Diocese e começamos a fazer mudanças de alguns padres de paróquias", revela dom Odelir. Sobral passará a contar com nove paróquias, sendo seis na sede e três nos distritos. As paróquias da sede são a nova Coração de Jesus, da Sé, Nossa Senhora do Patrocínio, São Paulo Apóstolo, Nossa Senhora de Fátima e Ressurreição. As três outras paróquias estão localizadas nos distritos de Aracatiaçu (paróquia de Santo Antônio), Jaibaras (paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus) e Taperuaba (paróquia de Nossa Senhora do Carmo).

A Diocese de Sobral, que vai completar em 10 de novembro próximo, 96 anos, foi criada pelo papa Bento XV pela bula Catholicae Relligioni Bonun, desmembrando Sobral da então Diocese de Fortaleza. A Diocese Sobralense tem uma abrangência em 28 cidades da Zona Norte do Ceará com 38 paróquias.

12 paróquias novas
Nos últimos cinco anos foram criadas pela Diocese de Sobral 12 novas paróquias. Tem paróquias ainda em Forquilha, Santa Quitéria, Ipu, Hidrolândia, Groaíras, Martinópole, Marco, Bela Cruz, Acaraú, Cruz, Jijoca de Jericoacora, Morrinhos, Mucambo, Meruoca, Coreaú, Santana do Acaraú, Massapê, Cariré, Reriutaba, Senador Sá e Frecheirinha.
A nova paróquia já nasce grande. A Coração de Jesus tem abrangências 11 bairros.
Diocese de Sobral
Praça Quirino Rodrigues, 76
Bairro: Centro
Telefone: (88) 3611.0545

Lauriberto Braga - Repórter

Igreja traz olhar humano à cultura digital


O presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais (CPCS), Dom Cláudio Maria Celli, esteve em Portugal, a convite do Secretariado Nacional. Em entrevista à agência Ecclesia, disse que o Papa e a Igreja Católica se preocupam com o lado "humano" e não apenas tecnológico da nova "cultura digital".
– Quais são os principais desafios que se colocam à Igreja Católica numa nova era de comunicação?
Dom Celli: O primeiro desafio que temos de enfrentar como Igreja, hoje, é o diálogo com a cultura digital, originada pelas novas tecnologias. Penso que este é um dos pontos mais delicados de compreender: os meios de comunicação já não são um mero instrumento, por causa das novas tecnologias, pois estas mudaram o estilo de vida do homem e da mulher dos nossos dias.
Estas tecnologias já não são apenas instrumentos de comunicação, transformaram-se em ambientes de vida, favorecem a comunicação, um conhecimento de maior alcance, a relação entre as pessoas. Isso, inegavelmente, cria outra perspetiva de vida.
Estes instrumentos são caraterizados pela multimedialidade, enquanto leio o jornal posso ouvir música, posso ter videoconferências continuamente, e isso quer dizer que a minha vida mudou. A Igreja deve enfrentar este desafio com a cultura digital.
– O que é que a Igreja deve fazer, nesse sentido?
Dom Celli: O próprio Papa Bento XVI pediu, repetidamente, que desenvolva uma diaconia da cultura, ou seja, compete à Igreja fazer ressoar, no contexto das novas tecnologias, o anúncio daquela palavra de verdade de que o homem de hoje tem necessidade. Nesse sentido, surge o desafio da linguagem, porque as novas tecnologias têm uma linguagem própria, cada uma. Para anunciar o Evangelho – essa é a missão da Igreja – devemos conhecer profundamente essas linguagens próprias, para fazer com que a palavra de verdade ali possa ressoar abundantemente e com clareza.
Há depois uma problemática, da linguagem antropológica, porque o homem de hoje tem uma linguagem própria, ligada à sua realidade existencial. É facilmente imaginável que uma criança tenha problemáticas existenciais diferentes das de um adulto e a Igreja deve ter a consciência de falar a linguagem adequada para poder ser escutada e compreendida. Aqui, na verdade, existe um grande desafio para a Igreja, que é mãe e mestra, que se aproxima com respeito do ser humano e quer acompanhá-lo no seu caminho, consciente das problemáticas que ele transporta no seu coração.
– Basta pensar numa alteração de linguagem para abordar este tempo de mudanças?
Dom Celli: Nós comunicamos o que somos, é um estilo de vida. A Igreja deve ter consciência de ser possuída pela verdade e deve ajudar o homem nesta busca e acompanhá-lo, para comunicar os valores. Aí então teremos uma Igreja que compreende o homem, que o procura conhecer, estar ao seu lado, num serviço discreto e respeitoso, mas verdadeiro, do anúncio da palavra que não é dos homens, mas de Deus.
– O tema escolhido pelo Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais parece sair do âmbito de preocupações com as novas tecnologias.
Dom Celli: É um tema desafiante: «Silêncio e Palavra, caminho de evangelização». Mas não sai desse âmbito: nas outras mensagens, o Papa tocou de forma atenta, precisa, o tema das novas tecnologias e da cultura digital, lembrando continuamente o tema humano, porque a comunicação é um homem que se dirige a outro homem ou então à comunidade de homens.
O Papa quer tocar um tema muito delicado, que é o da escuta, o silêncio que não é negação de vida, isolamento, abstração da realidade, mas uma atitude positiva, de disponibilidade, porque o diálogo tem necessidade não só de alguém que fala, mas também de alguém que escuta.
Há necessidade de que o homem volte a saborear o valor positivo do silêncio, porque hoje, na nossa sociedade, estamos submergidos por vozes e as pessoas não sabem discernir qual é a voz que conta, qual é a palavra que tem valor para elas. Assim, este silêncio é discernimento, criando critérios capazes de valorizar, exatamente, o que significa colocar-se à escuta do outro, do Outro [Deus].
Penso que o Papa escolheu este tema porque em outubro de 2012 vai haver um Sínodo de bispos dedicado ao grande tema da evangelização. Evangelizar é anunciar a palavra, no contexto de hoje, ao homem de hoje, o que exige escuta, não só de quem recebe a mensagem, mas também de quem a propõe, porque a Igreja deve estar continuamente à escuta do que o homem tem no seu coração, o que deseja. Diria que aqui entram os grandes temas da solidão, das dificuldades da vida, da inquietude, da falta de sentido para a vida, do afastamento dos grandes valores e, ao mesmo tempo, uma profunda nostalgia de Deus.
– No âmbito dos trabalhos do Conselho Pontifício, nota-se uma maior colaboração com os órgãos de informação do Vaticano.
Dom Celli: Sim, particularmente com a grande iniciativa que foi a abertura do portal «news.va», com o qual conseguimos um certo sucesso. Estamos satisfeitos.
Hoje o portal pode ser seguido em três línguas (italiano, inglês e espanhol), mas esperamos estar presentes, até final do ano, em francês e, no início do próximo ano, também em português. É um portal multimédia, que permite ver notícias que dizem respeito à vida da Santa Sé, a começar pelo que o Papa faz, bem como notícias do mundo e da Igreja no mundo, que muitas vezes não se encontram nos media laicos – usemos este termo para nos entendermos.
Penso que este portal pode ser, verdadeiramente, um instrumento de comunicação, que permite ter em tempo real notícias, imagens e sons dos acontecimentos que envolvem a pessoa do Santo Padre. Quem quiser ter uma informação, mesmo inicial, do que somos e do que fazemos, tem tudo à sua disposição neste novo site.
Da Agência Zenit 

27 de out. de 2011

Discurso de Bento XVI em Assis: Papa fala sobre as tipologias da violência no mundo de hoje



Cidade do Vaticano (RV) - No final desta manhã, o Santo Padre dirigiu-se aos participantes na Jornada de Reflexão em Assis. O Pontífice iniciou seu discurso lembrando que “passaram-se vinte e cinco anos desde quando, pela primeira vez, o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis”. E então pôs as questões: “o que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz?”.

“Naquele momento – disse o Papa -, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. (…) Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual”.

Bento XVI continuou afirmando que, desde então, “infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias”. Então o Papa falou sobre o terrorismo, e deste ressaltou a motivação religiosa que, muitas vezes, serve como justificativa para o que o classificou de “crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido”. “Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência”. E acrescentou: “o que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição”.

O Santo Padre falou sobre uma segunda tipologia de violência, ou seja, “a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso”. “Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado – fez a ressalva -, queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal”.

Então o Papa falou sobre o mundo do agnosticismo, que destacou estar em expansão. “Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus»”, disse o Santo Padre, mostrando que elas estão em busca da verdade e do bem, andando em direção à Deus portanto. “Colocam questões tanto a uma parte como à outra – afirmou o Pontífice. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polêmicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela”.

Bento XVI ainda chamou a atenção para o fato de que os agnósticos “chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais”.

Concluindo, o Papa assegura de que “a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência e do seu compromisso pela paz no mundo”. (ED)

20 de out. de 2011

EUCARISTIA


EUCARISTIA

Por Ir.Pe. Lauro do Coração Eucarístico de Jesus, N. J*

INTRODUÇÃO

Queremos apresentar uma breve reflexão sobre o sentido das palavras “sacrifício” e “memorial”, elas são essenciais para uma correta compreensão da celebração eucarística.Recomendamos que a leitura seja acompanhada pela meditação das citações bíblicas dispostas ao longo do texto,pois é a partir das Escrituras  que queremos alcançar uma melhor compreensão do Santo Sacrifício.Além disto,veremos também algumas outras expressões relativas à S.Missa.
CEIA, SACRIFÍCIO E MEMORIAL
O Santo Padre João Paulo II, de feliz e venerável memória, lançou nos últimos anos do seu magnífico pontificado, dois documentos sobre a Ss. Eucaristia: “Ecclesia de Eucharistia” (A Igreja vive da Eucaristia), de 17 de abril de 2003 (Quinta-Feira Santa) e “Mane Nobiscum, Domine” (Fica conosco, Senhor), para a proclamação do Ano Eucarístico, outubro de 2004-outubro de 2005. Realmente foi a mais perfeita herança espiritual que o querido Papa, amigo dos jovens e dos pobres, nos podia deixar. O primeiro documento é uma “Encíclica” e o segundo uma “Carta Apostólica”. Na Encíclica o Papa apresenta boa parte do tradicional ensino da Igreja acerca da Ss. Eucaristia, na Carta Apostólica, tendo um olhar mais prático para a celebração do Ano Eucarístico, não deixa de ser um resumo do primeiro.
No primeiro capítulo da Encíclica que está intitulado “Mistério da Fé”, nos nº 12,13,14,15 e 16, o Papa discorre sobre Eucaristia como “Sacrifício de expiação”, é sobre este aspecto que queremos conduzir a nossa reflexão.
Segundo nossa observação, e parece ser esta também a da encíclica, este é um aspecto muito negligenciado nos dias de hoje, contudo, não há completa compreensão do mistério eucarístico sem esta abordagem, até mesmo corremos o risco de torná-la inválida, pois é o aspecto mais importante. Muitos cursos de Liturgia, propositadamente ou não, muitas vezes colocam em segundo plano o aspecto expiatório para destacar mais fortemente a “Ceia Fraterna”, sem dúvida que a eucaristia está enraizada na dinâmica de uma ceia familiar, porém observar um aspecto em detrimento do outro, especialmente sendo o aspecto sacrifical, é no mínimo uma heresia, empregando todo o peso e o significado histórico-teológico da palavra.
Para melhor compreender nossa afirmação, vamos abrir a Santa Palavra no Livro do Êxodo 12, 1-28. O Que encontramos aí? A instituição da Páscoa Judaica. É mister aprofundar o significado desta para melhor entender a Páscoa Cristã. No meio do texto indicado, mais precisamente no versículo 14 temos a seguinte ordem: “Este dia será para vós um memorial”… (Ex 12,14). É importante compreender o que significa o memorial na teologia e liturgia de Israel, para entender a nossa missa. Memorial é atualização , ao nível da fé de um mistério que se celebra, atualização porque torna presente no aqui e agora que vivemos, algo passado e que sobrenaturalmente, se projeta para um futuro definitivo em Deus (em Deus não há limite de tempo e espaço). Difere qualitativamente da palavra memória que é apenas uma lembrança do passado e que é revivida apenas na memória de quem celebra, uma lembrança. Devemos guardar bem: Memória é diferente de Memorial. Também não é uma repetição. O sacrifício de Cristo é perfeito e único (Hb 10,11-14.18). Repetir representaria uma falta de compreensão pior que apenas lembrar.[1]
Pois bem, foi neste contexto, que Jesus como bom judeu, cumpre o mandamento de comer a Páscoa. Novamente a Bíblia conduz nossa reflexão, desta vez vejamos Lc 22,7-20. Dá para perceber bem claramente nesta leitura o contexto pascal judaico, os evangelistas não desceram a mais detalhes, pois supunham que boa parte de seus leitores, quando judeus, conheciam o ritual da refeição pascal. Entre outras coisas, havia 03 pães ázimos e 04 cálices de vinho, e o rito de lavar as mãos. Jesus cumpre o ritual, ao mesmo tempo  que o rejuvenesce.
Por exemplo, não vamos dizer que lhe dá um novo sentido, mas que plenifica o já existente, no lugar do presidente lavar as mãos dando graças, talvez foi neste momento, bem no início da ceia que Jesus provavelmente teria feito o tão conhecido lava-pés (Jô 13, 1-20). O texto de São Lucas diz tomou “um” pão (Lc 22,19), obviamente havia outros dois do ritual. O texto apresenta duas das quatro taças que costumavam servir durante a ceia, a primeira e a terceira chamada “cálice da benção”. Vamos observar outra coisa, a palavra que Jesus usa ao tomar o segundo cálice mencionado (terceiro do ritual), o meu sangue derramado, esta palavra implica sacrifício, Jesus une ou torna presente a esta ceia o que iria acontecer em seguida, dá sua própria vida para nossa salvação. E exatamente aqui entra o memorial que já aprendemos o que é[2].
O povo de Israel ao celebrar a Páscoa, afirmamos acima, atualizava pela fé sua libertação. Jesus ao celebrar a páscoa a plenifica de sentido, ao dizer “o meu sangue derramado por vós” transcende a ceia pascal, doravante ela continua sendo memorial mas não de uma libertação apenas humana, como é o caso da escravidão do Egito, mas de uma escravidão que engloba todos os aspectos do ser humano no mais profundo do seu ser.
COMUNHÃO EUCARÍSTICA
Ao ligar o Seu sacrifício à ceia pascal Jesus nos dá a possibilidade de atualizar e torna-LO presente sempre que celebramos a Eucaristia. Portanto, a comunhão eucarística não é simplesmente para se receber o corpo do Senhor, não é apenas algo que possa nos dar emoção por ser o Corpo do Senhor,é algo mais profundo que a simples capacidade de ficar “tocado” que o ser humano tem. Antes de tudo é a possibilidade de participar mística e até fisicamente, em Jesus Cristo de Sua auto-oferta ao Pai, como vítima de expiação.
TRANSUBSTANCIAÇÃO[3]E CEIA
Lutero, no Séc. XVI vai falar de “consubstanciação” com este termo ele queria dizer que ao mesmo tempo que é pão e vinho é o corpo e sangue do Senhor, menos mal, porque Calvino vai dizer uma heresia pior, se é que há heresia pior ou melhor! Calvino vai falar em “presença simbólica” para dizer que o pão e o vinho apenas representam o corpo e o sangue do Senhor. É exatamente a ideia de memorial presente na Escritura e sabendo que a Eucaristia foi instituída dentro desta concepção profunda da Páscoa do povo de Israel, que a Igreja jamais foi claudicante em afirmar que se trata da presença real de uma pessoa com todos os seus atributos, no caso de Jesus, Divino-Humano: Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Usando um termo da cultura grega antiga aplica o termo “transubstanciação” e “acidentes”, isto para afirmar que existe, no momento da missa uma troca de substancia (essência) no pão e no vinho que se tornam o Corpo e o Sangue do senhor, embora os acidentes (aspecto exterior) permaneçam os mesmos, cheiro e sabor de pão e vinho. Estudando na Bíblia os termos exatos para a ceia pascal e a instituição da Eucaristia, não dá honestamente falando, para se interpretar de outra forma. Memorial é memorial É necessário dizer ainda que o famoso texto de Jo 6, 1-71 e todo e qualquer outro texto do novo testamento que menciona a presença real de Cristo na Eucaristia não é por si só uma argumentação da presença real, estes textos, ainda que não citem explicitamente, têm em mente a instituição da ceia pascal e o pensamento eminentemente judeu de memorial; portanto, o argumento mais válido e de maior autoridade deve partir desta premissa e lembrando que Deus não pode mentir ainda que muitas vezes não entendamos Seus insondáveis desígnios, como é o caso de se pretender entender apenas racionalmente esta magnífica ação de Deus. Aqui se aplicaria bem a famosa frase de Blaise Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. É na instituição da fé que se chega a certa compreensão disto que é mais que um sacramento, “… venha a fé por suplemento os sentidos completar…” vai cantar São Tomás de Aquino ao compor todo o ofício da benção com o Santíssimo Sacramento.
ECLESIOLOGIA DA CEIA
Algo de muito importante ainda a ser observado é que os evangelhos dão testemunho que os doze apóstolos, estavam presentes na última ceia (Mt 26,20; Mc 14,17; Lc 22,14), os apóstolos, tendo como cabeça a Pedro, são o fundamento da Igreja, Jesus lhes dá como alimento o Seu corpo e deixa que se inebriem com o Seu sangue, logo a Igreja nasce da Eucaristia(jamais o contrário) por isto, sem Eucaristia não pode existir Igreja no sentido mais pleno da palavra, somente “comunidades com elementos eclesiais”.
MEMÓRIA E MEMORIAL NO MISSAL ROMANO
Ainda bem que a sagrada liturgia não é ato mágico onde as palavras em si mesmas e sem levar em conta a intenção de quem as profere, faz acontecer as mágicas. Caso contrário, estaríamos perdidos enquanto o nosso Missal Romano não fosse corrigido, pois traduziu as palavras da consagração e no lugar de dizer “memorial” troca por memória: “Fazei isto para celebrar minha memória”. A nossa sorte é que se usa memória entendendo-se por memorial. Mas por quê então o padre celebrante na hora não corrige? Para evitar abusos na liturgia a Igreja proíbe terminantemente qualquer adaptação não autorizada, as palavras da consagração são intocáveis. A reforma terá que vir da Sagrada Congregação dos Ritos. A última reforma do Missal foi em 1992 e deixaram escapar. Quando virá a outra, deixarão uma palavra que, em sua materialidade, não expressa bem o que estamos fazendo? Só Deus sabe!
Designamos a Eucaristia como um dos três sacramentos da iniciação cristã. Na verdade, a Eucaristia é algo que extrapola os limites das palavras que usamos para apontá-la, neste sentido podemos dizer que a Eucaristia supera a si mesma, pois é indefinível. Deus não pode ser definido, nem mesmo sob o véu do Sacramento.
INTENÇÕES DE MISSA
Estamos mal acostumados quando nos referimos as tão conhecidas “intenções de missa”. No mais das vezes dizemos: “Missa dos 15 anos de Fulano” ou “do 7º dia de falecimento de Beltrano” ou ainda “em homenagem a Sicrano que…” este mal costume é porque não assimilamos ainda o que é a missa. Não quero dizer com isto que não possamos colocar nossas intenções na missa e até porque, como filhos bem amados do Pai, devemos nos sentir livres e acolhidos para rezar por nossas intenções. Nem quero dizer que todas as vezes que nos referimos ao sacrifício eucarístico, deveríamos usar uma linguagem puramente teológica. Contudo, rigorosamente falando, a missa não é do 7º dia de alguém ou em homenagem a menina que completa 15 anos, a missa é sempre a celebração e atualização do único sacrifício oferecido por Jesus ao Pai, para nossa salvação. O que acontece é que, podemos e devemos, colocar todos os aspectos da nossa vida, bons ou ruins, no único e irrepetível sacrifício de Jesus para que seja “cristificado”, assim nossa oração será perfeita, pois o sacrifício do Cristo é a perfeita doação ao Pai. Os religiosos quando fazem os votos, deixam suas cartas de profissão devidamente assinada, embaixo do corporal sobre o altar eucarístico que está sendo celebrado a missa. Com este gesto simbólico afirmam que sua doação total ao Reino, por meio dos votos religiosos, é feita no único sacrifício de Cristo. Fora de Cristo, sumo e eterno sacerdote, não há doação perfeita de nossa parte. Portanto, a missa é oferecida por alguém, vivo ou defunto, ela alcança a todos não importando tempo ou espaço. Compreendendo bem e sem diminuir a importância que Deus-Pai nos dá como Seus filhos e sem querer ofender ninguém, devemos afirmar categoricamente que, o centro de qualquer liturgia eucarística não é a menina dos 15 anos, por mais bonita que ela seja, e nem o defunto por quem rezamos a missa, por mais importante que ele seja! O centro da missa é a auto-oferta de Jesus ao Pai por nós. Isto, porém não impede que nos momentos de alegria, expressemos liturgicamente o nosso contentamento por aquela intenção ou nos momentos da perda de alguém, deixemos de expressar o seu valor, especialmente afetivo, para nós.
Quero terminar com as palavras da Oração Eucarística IV que explica bem esta última questão: “E agora, ó Pai, lembrai-vos de todos pelos quais vos oferecemos este sacrifício: o vosso servo o Papa…, o nosso Bispo…, os Bispos do mundo inteiro, os presbíteros e todos os ministros, os fiéis que, em torno deste altar, vos oferecem este sacrifício, o povo que vos pertence e todos aqueles que vos procuram de coração sincero”.
CORAÇÃO EUCARISTICO[4]
Precisamos pedir a Deus a graça de um coração eucarístico, um coração assim é contínua abertura para o outro, ele é ao mesmo tempo todo de Deus e no serviço ardente de caridade para com o outro, todo do outro. O coração eucarístico não se pertence, está sempre disponível, está sempre disponível conforme o estado de vida ao qual foi chamado. Na Eucaristia a Igreja é uma só, uma vez que nasce da Eucaristia, se somos um só eucaristicamente, podemos abraçar a quem amamos, vivo ou defunto, quando comungamos. Atenção amigos, do céu e da terra: da próxima vez que receberem o Corpo de cristo, recebam meu abraço fraternal.



[1] Nossos irmãos separados muitas vezes nos acusam de proclamar a repetição do único sacrifício de Cristo, sobre nossos altares. Certamente porque não compreendem como se aplica a “ideia” de Memorial á atitude do Senhor na última ceia, quando instituiu a eucaristia.
[2] Sacrifício que deve ser entendido como “sagrado oficio” ou “santa atitude” de entregar a própria vida por nós. esta palavra em si mesma não significa necessariamente sofrimento. Porém, para os cristãos, sobretudo, tornou-se sinônimo de sofrimento por causa da atitude de Jesus, que entregando sua vida, não teve como fazer sem derramar o próprio sangue. Neste sentido vão afirmar os Padres da Igreja que não pode haver sacrifício sem derramamento de sangue. Lembremos que na Bíblia o sangue contém a vida. Portanto, se é derramado é oferecido, oferecido em lugar do pecado, ou seja, expiação ou reparação á ofensa feita á majestade Divina. Outro detalhe é que o Homem por si só, não pode oferecer o sacrifício pelo seu próprio pecado, pois é pecador. Mas Deus feito Homem, porque santo, pode. Assim, Deus não deixa de salvar o Homem sem a colaboração do  Homem.

[3] Não queremos entrar na discussão que se faz hoje em dia sobre a oportunidade de um momento histórico em que a Igreja achou conveniente fazer uso deste termo para definir o que acontece com o pão e o vinho consagrados. Simplesmente concordamos que foram os termos encontrados para tentar definir o indefinível, que naquele momento histórico, necessitava ser apresentado ao mundo. Damos nosso assentimento de fé á definição dogmática feita pela Igreja no Concílio de Trento, como deve fazer todo fiel católico. Obviamente que a fé na presença real é anterior a Trento e não depende de nenhum concílio mais do que a Escritura ensina. A definição dogmática apenas corrobora e reafirma com a autoridade vinda de Deus, o modo correto de se crer.
[4] A leitura da exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis’ de sua Santidade Bento XVI (22/02/2007), será um ótimo meio de aprofundamento de tudo o que tratamos aqui.

* Padre religioso do Instituto Religioso Nova Jerusalém graduado em Filosofia e Teologia pelo FCF. Atualmente está se especializando em Estudos Bíblicos nesta faculdade.

19 de out. de 2011

CNBB prepara material para falar sobre afetividade e sexualidade com a juventude


Slide02Um material bem produzido, moderno, falando a linguagem da juventude, abordando com seriedade e leveza dois assuntosque estão sempre na cabeça dos jovens: afetividade e sexualidade. Essa é a proposta do Aos jovens com afeto, um subsídio preparado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB, em parceria com as Edições CNBB.
A obra está organizada no formato de um fichário em dois volumes. Ao todo, são abordados 50 temas, distribuídos ao longo de quatro partes (Vida, Sexualidade, Desafios e Atualidade). Entre esses 50 temas, estão, por exemplo: Liberdade, Autoestima, Família, Amor, Relação Sexual, Castidade, Gravidez, Amizade, Erotismo, Aborto, Masturbação, Adoção, Células Tronco, etc.
Aos jovens com afeto pode ser adquirido nas livrarias católicas ou no site das Edições CNBB.
Veja a seguir a apresentação da obra feita por Dom Eduardo Pinheiro, presidente da Comissão para a Juventude.
Apresentação
Em seu número 114, o Documento 85 da CNBB – Evangelização da Juventude – solicita que a Igreja se empenhe em “elaborar subsídios que favoreçam o amadurecimento juvenil [...] com temáticas relacionadas à educação para o amor [...].” Indo ao encontro deste desejo, encontra-se, aqui, um rico material de apoio referente ao tema da ‘Afetividade-Sexualidade’.
fichasA Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB, se alegra em apresentar estes 50 temas fundamentais. Apesar de não ser necessário abordar os temas na mesma sequência em que estão elaborados, há um encadeamento lógico que orientou a escolha. Primeiro foram apresentados os valores que sustentam e dignificam a VIDA da pessoa humana (1ª. Parte), para, depois, dar a conhecer os fundamentos da sua SEXUALIDADE (2ª. Parte), e elementos que permitam enfrentar os DESAFIOS (3ª. Parte) e considerar aATUALIDADE provocante na qual se encontram nossos adolescentes e jovens (4ª. Parte).
Desejamos que todos os segmentos ligados ao Setor Juventude – pastorais da juventude, movimentos, congregações religiosas, novas comunidades, grupos juvenis e de crisma, pastoral vocacional, pastoral da educação, institutos de juventude e serviços diversos – façam bom proveito destes subsídios que foram assumidos pela CNBB como mais um instrumento de amadurecimento para o jovem discípulo-missionário. Ao considerar os aspectos antropológicos, culturais, linguísticos, teológicos e doutrinais, os textos oferecem material seguro e adequado, procurando colaborar com “um programa de educação para o amor que integre a sexualidade em um projeto mais amplo de crescimento e maturidade no qual ela seja baseada na liberdade e não no medo; leve em conta as exigências da ética cristã; leve ao amor e à responsabilidade; desperte para a autoestima, principalmente no cuidado com o corpo do próprio jovem e dos outros; tenha Deus, criador da vida, da sexualidade e da alegria, como sua fonte de inspiração” (Doc 85, 103).
Enfim, acreditamos que esta publicação, que contempla assuntos tão presentes na comunicação e cultura juvenis, sirva também de motivação e reforço no processo educativo que os pais assumem diante de seus filhos. O Documento de Aparecida convoca a todos a “estimular e promover a educação integral dos membros da família [...] incluindo a dimensão do amor e da sexualidade” (437e).
Deus abençoe a todos os educadores e evangelizadores da juventude.
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Bispo Auxiliar de Campo Grande, MS
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, CNBB

A prioridade da ética

Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo em zenit.com


Dois tipos de manifestações estão surgindo no coração da sociedade como reclamações urgentes. De um lado, estão se encorpando os protestos contra a corrupção. Não se pode calar diante de desmandos e de atos que corroem o bem de todos. Por outro lado, cresce a reclamação diante da avalanche legislativa enlouquecedora. Noticia-se que, nas últimas duas décadas, foram criadas 4,2 milhões de leis no Brasil. O grande número, junto com as dificuldades de interpretação que podem ser explicadas pela predominância de um texto excessivamente rebuscado, prejudica o usufruto da legislação. Também dificulta o próprio respeito às regras pelos cidadãos. 
Apesar de todo esse arcabouço legislativo, sente-se falta de procedimentos legais que regulamentem esferas de grande importância para a vida em sociedade e possam garantir a indispensável transparência, remédio contra corrupção. Por exemplo, pergunta-se por que está parada a tramitação da lei de transparência que obriga o governo a divulgar as informações sobre a execução de contratos com empresas privadas. Sem uma resposta, é possível concluir que o sistema tem leis em abundância, mas, ao mesmo tempo, carece de regulamentação. Uma necessidade evidente ao se considerar a complexa e múltipla realidade contemporânea, com suas marcas globais e com suas múltiplas possibilidades de intercâmbio e participação.
Voltando, no entanto, ao movimento de combate à corrupção, contracenando com a avalanche legislativa, um desafio para a interpretação e a prática, parece sempre oportuno remeter a reflexão à questão da ética. Ora, não se pode dispensar o foro privilegiado da consciência presidindo condutas, garantindo respeito aos direitos, o sentido de legalidade e a exigência primeira de fidelidade à verdade, à justiça e ao amor. Não se pode pensar que toda a estrutura legislativa por si só será suficiente para a conquista da transparência e o combate à corrupção. É preciso priorizar a dimensão ética. A relativização dessa prioridade nos processos formativos, de diferentes níveis e para os diversos públicos, certamente compromete o exercício da cidadania.
O raciocínio é que a formação técnica, por exemplo, para atender demandas do mercado de trabalho, com suas diferentes expertises - possibilidades interessantes e indispensáveis - não pode ser considerada como suficiente. A ética é uma aprendizagem necessária que precisa ser priorizada no contexto sócio-político contemporâneo. É composição insubstituível na configuração dos processos educativos. Não se consegue manter o controle apenas porque existe uma lei. As leis são muitas, mas o respeito à legislação não tem sido proporcional à conta amarga que se paga pelos atentados contra o erário público e a vida, não raramente de modo irreversível.
Há um núcleo que precisa ser cuidado. É o núcleo recôndito da consciência. A formação da consciência é uma demanda fundamental. Do contrário, mesmo com as leis - tantas gerando dificuldades de interpretação, execução e, consequentemente, respeito - se legislará sempre mais e se avançará muito pouco. Será mais difícil a conquista da dignidade, do decoro ético e do apreço a uma conduta pautada pela verdade, fiel à palavra dada, aos valores e princípios básicos.
O sucateamento da educação - particularmente no âmbito da escola pública - que ocorre junto com o avanço da dependência química, da violência, do atentado contra vida - entre outros horrores - assim como a crise na vida familiar e profissional, não serão revertidos sem que a ética se torne prioridade. Não se trata apenas de apresentação de narrativas sobre valores e princípios. O investimento se refere à opção fundamental de cada indivíduo.
Uma decisão que brota do centro da personalidade, do coração - com a força de condicionar todos os outros atos, com uma densidade tal que, abrangendo totalmente a pessoa, orienta e dá sentido à sua vida. Essa opção fundamental é a expressão básica da moralidade, que se aprende e se cultiva. Não se localiza simplesmente do lado de fora, na objetividade legislativa ou nos indispensáveis mecanismos de controle. Há uma vida moral que precisa ser sempre almejada e pode ser conquistada, quando a ética torna-se prioridade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte - MG