21 de jul. de 2012

MENSAGEM PARA A JMJ 2012 nas Dioceses 02


Vamos apresentar esta mensagem em 3 partes, pois o texto é muito longo. Assim vc pode conferir pouco a pouco a profunda mensagem de Deus a Juventude Católica neste ano:


MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA A XXVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 
2012
PARTE II


Deus é a fonte da alegria verdadeira
Na realidade as alegrias autênticas, as que são pequenas do dia a dia ou as grandes da vida, todas têm origem em Deus, mesmo se à primeira vista não vem ao de cima, porque Deus é comunhão de amor eterno, é alegria infinita que não permanece fechada em si mesma, mas que se expande naqueles que Ele ama e que o amam. Deus criou-nos à sua imagem por amor e para derramar sobre nós este seu amor, para nos colmar com a sua presença e com a sua graça. Deus quer que participemos da sua alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o valor e o sentido profundo da nossa vida consiste em ser aceite, ouvido e amado por Ele, e não com um acolhimento frágil como pode ser o humano, mas com um acolhimento incondicional, como é o divino: eu sou querido, tenho um lugar no mundo e na história, sou amado pessoalmente por Deus. E se Deus me aceita, ama-me e disto tenho a certeza, sei de maneira clara e certa que é bom que eu esteja no mundo, que exista.
Este amor infinito de Deus por todos nós manifesta-se de modo pleno em Jesus Cristo. Nele encontra-se a alegria que procuramos. No Evangelho vemos como os acontecimentos que marcam o início da vida de Jesus se caracterizam pela alegria. Quando o arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que será mãe do Salvador, começa com esta palavra: «Alegra-te!» (Lc 1, 28). Quando Jesus nasce, o Anjo do Senhor diz aos pastores: «Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será de todo o povo: hoje, na cidade de David, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor» (Lc2, 11). E os Magos que procuravam o menino, «ao ver a estrela, sentiram uma grande alegria» (Mt2, 10). Por conseguinte, o motivo desta alegria é a proximidade de Deus, que se fez um de nós. E é isto que são Paulo queria significar quando escreveu aos cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos. Que a vossa mansidão seja notória a todos os homens. O Senhor está perto» (Fl 4, 4-5). A primeira causa da nossa alegria é a proximidade do Senhor, que me acolhe e me ama.
De facto, do encontro com Jesus nasce sempre uma grande alegria interior. Podemos ver isto nos Evangelhos em muitos episódios. Recordemos a visita de Jesus a Zaqueu, um cobrador de impostos desonesto, um pecador público, ao qual Jesus diz: «Hoje tenho que ficar em tua casa». E Zaqueu, refere são Lucas, «recebeu-o cheio de alegria» (Lc 19, 5-6). É a alegria do encontro com o Senhor; é o sentir o amor de Deus que pode transformar toda a existência e trazer salvação. E Zaqueu decidiu mudar de vida e dar metade dos seus bens aos pobres.
Na hora da paixão de Jesus, este amor manifesta-se em toda a sua força. Nos últimos momentos da sua vida terrena, na ceia com os seus amigos, Ele diz: «Como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor... Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e o vosso gozo seja completo» (Jo 15, 9.11). Jesus quer introduzir os seus discípulos e cada um de nós na alegria plena, a mesma que Ele partilha com o Pai, para que o amor com que o Pai o ama esteja em nós (cf. Jo 17, 26). A alegria cristã é abrir-se a este amor de Deus e pertencer-Lhe.
Narram os Evangelhos que Maria de Magdala e outras mulheres foram visitar o túmulo onde Jesus tinha sido colocado depois da sua morte e receberam de um Anjo um anúncio perturbador, o da sua ressurreição. Então abandonaram à pressa o sepulcro, anota o Evangelista, «com receio e grande alegria» e apressaram-se a levar a notícia aos discípulos. E Jesus veio ao encontro deles e disse: «Deus vos salve» (Mt 28, 8-9). É a alegria da salvação que lhes é oferecida: Cristo é o vivo, é Aquele que venceu o mal, o pecado e a morte. Ele está presente no meio de nós como o Ressuscitado, até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20). O mal não tem a última palavra sobre a nossa vida, mas a fé em Cristo Salvador diz-nos que o amor de Deus vence.
Esta alegria profunda é fruto do Espírito Santo que nos torna filhos de Deus, capazes de viver e de apreciar a sua bondade, de nos dirigirmos a Ele com a palavra «Abbà», Pai (cf. Rm 8, 15). A alegria é sinal da sua presença e da sua acção em nós.


Conservar no coração a alegria cristã
A este ponto perguntamo-nos: como receber e conservar este dom da alegria profunda, da alegria espiritual?
Um Salmo diz: «Põe no Senhor as tuas delícias; conceder-te-á os desejos do teu coração» (Sl 37, 4). E Jesus explica que «o reino do céu é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem encontra-o e esconde-o; depois vai, cheio de alegria, vende todos os seus bens e compra o campo» (Mt 13, 44). Encontrar e conservar a alegria espiritual nasce do encontro com o Senhor, que pede para o seguir, para fazer a escolha decidida de apostar tudo n'Ele. Queridos jovens, não tenhais medo de pôr em jogo a vossa vida dando espaço a Jesus e ao seu Evangelho; é o caminho para ter a paz e a verdadeira felicidade no nosso íntimo, é o caminho para a verdadeira realização da nossa existência de filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança.
Procurar a alegria no Senhor: a alegria é fruto da fé, é reconhecer todos os dias a sua presença, a sua amizade: «O Senhor está próximo!» (Fl 4, 5); é repor n'Ele toda a nossa confiança, é crescer no conhecimento e no amor a Ele. O «Ano da fé», que daqui a poucos meses iniciaremos, ser-nos-á de ajuda e de estímulo. Queridos amigos, aprendei a ver como Deus age nas nossas vidas, descobri-o escondido no coração dos acontecimentos do vosso dia a dia. Acreditai que Ele é sempre fiel à aliança que estabeleceu convosco no dia do vosso Baptismo. Sabei que nunca vos abandonará. Dirigi com frequência o vosso olhar para Ele. Na cruz, ofereceu a sua vida porque vos ama. A contemplação de um amor tão grande leva nos corações uma esperança e uma alegria que nada pode derrubar. Um cristão nunca pode estar triste porque encontrou Cristo, que deu a vida por ele.
Procurar o Senhor, encontrá-lo na vida significa também acolher a sua Palavra, que é alegria para o coração. O profeta Jeremias escreve: «Eu devoro as Vossas palavras, onde as encontro; a Vossa palavra é a minha alegria, as delícias do meu coração» (Jr 15, 16). Aprendei a ler e a meditar a Sagrada Escritura, nela encontrareis uma resposta às perguntas mais profundas de verdade que se aninham no vosso coração e na vossa mente. A Palavra de Deus faz descobrir as maravilhas que Deus realizou na história do homem e, cheios de alegria, abre ao louvor e à adoração: «Vinde, exultemos no Senhor... prostremo-nos, dobremos os joelhos diante do Senhor nosso Criador!» (Sl95, 1.6).
Depois, de modo particular, a Liturgia é o lugar por excelência no qual se expressa a alegria que a Igreja recebe do Senhor e transmite ao mundo. Todos os domingos, na Eucaristia, as comunidades cristãs celebram o Mistério central da salvação: a morte e ressurreição de Cristo. Este é um momento fundamental para o caminho de cada discípulo do Senhor, no qual se torna presente o seu Sacrifício de amor; é o dia no qual encontramos Cristo Ressuscitado, ouvimos a sua Palavra, nos alimentamos do seu Corpo e do seu Sangue. Um Salmo afirma: «Este é o dia que o Senhor fez, cantemos e alegremo-nos n'Ele!» (Sl 118, 24). E na noite de Páscoa, a Igreja canta o Exultet, expressão de alegria pela vitória de Jesus Cristo sobre o pecado e sobre a morte: «Exulte o coro dos anjos... Rejubile a terra inundada por tão grande esplendor... e todo este templo ressoe pelas aclamações do povo em festa!» A alegria cristã nasce do saber que se é amados por um Deus que se fez homem, deu a sua vida por nós e derrotou o mal e a morte; e é viver de amor por Ele. Santa Teresa do Menino Jesus, jovem carmelita, escrevia: «Jesus, amar-te é a minha alegria!» (p 45, 21, 21 de Janeiro de 1897, Op. Compl. p. 708).

CONTINUA...
Vaticano, 15 de Março de 2012. 

BENEDICTUS PP. XVI

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