12 de dez. de 2011

Papo de Domingo - 3º Domingo do Advento


“EU NÃO SOU O MESSIAS” 
(Jo 1, 20) 

Olá amigos Sentinelas da Manhã! Chegamos ao terceiro Domingo do Advento! O Natal se aproxima e vai chegando a hora em que a alegria vai tomando conta do ambiente! Festas, confraternização, férias (aliás, bem vindas, hehehe!!!). Mas a principal alegria do Cristão – celebrada neste Domingo – é a de saber que tem um Deus que se faz presente em sua vida. Um Deus que não quis ficar distante, mas quis vir até nós para nos “batizar” nEle, livrando-nos de nosso pecado. E este “batismo” significa uma postura diferente diante da vida...

“Enviou-me para (...) curar as feridas da alma” (Is 1,6)

O rito do Batismo, realizado por João Batista, remontava a antigos banhos rituais judaicos de purificação. Eles surgiram primeiramente como necessidade higiênica, mas aos poucos foram sendo transformados em ritos religiosos que significavam a purificação dos pecados pessoais e coletivos. João Batista pregava este batismo – a necessidade de conversão, purificação e mudança de vida para que se estivesse devidamente preparado para a vinda do Messias.
E qual é o pecado do qual se precisa purificar? O que poderia impedir o encontro com o Messias, que viria para resgatar seu povo? O mesmo pecado que teve início lá no Jardim do Éden, com nossos primeiros pais. Lá, a antiga serpente os aliciou a quererem ser iguais a Deus. Na verdade, desde aquele dia, querer ser deus tem sido a grade tentação humana. Antes de pecarmos precisamos primeiramente dizer para nós mesmos, em nosso interior: “Eu sou deus, não preciso de ninguém superior a mim para me dizer o que fazer ou não. Posso dispor de mim, das coisas e dos outros como melhor me convier”. O pecado de origem nos destrói, destrói as famílias, destrói as sociedades, destrói a natureza, destrói tudo. Não somos Deus – somos limitados pelo tempo, pelo espaço, pela cultura, pela fragilidade... Ser pequeno e fraco é nossa natureza. E essa pequenez torna-se também nossa força, porque nos obriga a buscarmos comunhão com os demais para sobrevivermos. Sozinhos morremos. Juntos, por mais difícil que seja, possibilitamos nossa maior vida e felicidade.
João Batista veio nos alertar que deveríamos nos purificar, porque não seríamos capazes de acolher o Messias se ainda nos considerássemos superiores a tudo e a todos. Seria necessário um banho de humildade para que pudéssemos estar prontos. E foi assim que João agiu e foi este o conteúdo de sua pregação. Seu modo de se vestir e comer (bastante exótico) chama a atenção para sua simplicidade... Sua pregação dura nos exorta... Sua postura nos orienta. Perguntado se seria ele o messias, ele nega – “Eu não sou o Messias”. Mesmo não sabendo direito quem ele era, João Batista sabia claramente quem ele não era: ele não era digno sequer de desamarrar as correias da sandália dAquele que estava para vir. E assim, a antiga ordem, anterior ao pecado de Adão, começava desde já a se refazer... Até ser completamente restabelecida na Cruz e Ressurreição.

“Não sou” (Jo 1,21)

Diante das inúmeras indagações de seus interlocutores, e das muitas respostas negativas de João Batista, uma chama a atenção: “Não sou”... Diante de Moisés, na Sarça Ardente, Deus diz: “Eu sou”. Diante dos soldados que o buscavam no Getsêmani, Jesus diz: “Sou eu”. Interessante resposta! Deus não se define por nada... Deus é... Simplesmente é. Nós apenas participamos da existência infinita, eterna, onisciente e onipresente de Deus. Toda a nossa existência depende radicalmente dEle.
Mas muitos de nós ainda teimam em querer “ser” independentes de tudo e de todos. Não é incomum, ao sermos abordados em nossas atividades evangelizadoras, logo apontarmos para nós mesmos. EU SOU católico... EU SOU deste ou daquele grupo... EU SOU deste ou daquele ministério... (eu, padre, também bato no peito pois teimo em repetir esta postura). Nossas respostas deveriam sempre apontar pra nossa indignidade... Somos nada. E ao mesmo tempo, nossa postura, antes de expor nossas instituições ou a nós mesmos, deve primeiramente apontar para o Senhor, do qual também não somos dignos de desamarrar a correia das sandálias.
João Batista recusou drasticamente os rótulos... Recusou que apontassem para ele. Queria apenas ser aquele que apontava para o Messias. Sua preocupação não era a de que olhassem para ele, mas para o Cristo que vinha. Nós ainda pecamos muito... A Igreja não anuncia a si mesma como conteúdo principal da fé. A Igreja anuncia Jesus Cristo. Ela continua a missão do Batista e aponta para o Senhor, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Enquanto apontarmos para nós, nossos grupos, nossos movimentos, nossas pastorais, nossas comunidades, nós mesmos... Estaremos dando vazão ao Pecado Original, que ensinou o ser humano a confiar apenas em si mesmo. Além disso, ao apontarmos para nós mesmos, nosso nada aparece... Nossa fraqueza transparece. Quantas pessoas se afastam de nossos grupos e comunidades porque esperavam demais da Igreja, porque sonhavam demais com nossos movimentos e pastorais, porque se lhes foi prometido muito de nossas instituições? Nós podemos pouco. Somos falhos, somos pequenos... Se apontamos para Cristo, Ele é o único incapaz de frustrar. Ele É Deus, nós somos pó.

“O próprio Deus da paz vos santifique (...) para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! (1Ts 5,23)

Jesus está voltando. E mais uma vez o Espírito Santo nos envia para prepararmos o caminho dEle, continuando a missão do João Batista. E mais uma vez, para recebê-lo, teremos que “esmagar a cabeça da antiga serpente” que nos alicia a sermos maiores do que somos. Neste Advento, contemplando já o presépio com um pequeno menino deitado em uma manjedoura, possamos vencer nosso orgulho e acolhermos Aquele que se fez nosso servidor.

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