19 de nov. de 2011

Conhecendo um pouco da nossa História

Vamos postar toda semana um pouco da história do movimento carismático católico e pra começar, retiramos do site rccbrasil.org.br uma síntese dessa história no mundo. É a partir desta síntese que vamos percorrer outras histórias que fazem parte desse novo capítulo dos Atos dos Apóstolos.


Histórico

1 - Introdução

A Igreja, ao longo de sua história, tem presenciado o surgimento de muitos "despertares"(2) e movimentos de “renovação”. Como observa o conceituado teólogo Heribert Mühlen, em muitos deles “irrompe assim, novamente, a vitalidade pentecostal da Igreja, e isso de um modo nunca previsto”(3).
O "século da Igreja", como foi muitas vezes definido o século XX, já se iniciará sob o signo de uma necessidade: o desejo da presença criadora e libertadora do Espírito.(4)
Em 9 de maio de 1897, o Papa Leão XIII publicou a Encíclica Divinum Illud Munus, sobre o Espírito Santo(5), "lamentando que o Espírito Santo fosse pouco conhecido e apreciado, concita o povo a uma devoção ao Espírito". A leitura, os sermões e livros sobre este documento influenciarão muitas pessoas, estimulando também um número importante de estudos sobre o papel do Espírito Santo na Igreja.(6)
Passadas algumas décadas e convocado solenemente no dia 25 de dezembro de 1961, através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, a vida da Igreja contemporânea ficará profundamente marcada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965).
Superando a fase apologética defensiva contra o mundo moderno, teve o Concílio o mérito de recolher e direcionar vozes proféticas do século XIX, que buscaram redescobrir a integridade e o ministério da Igreja, bem como movimentos na primeira metade do século XX, entre eles: Movimento Litúrgico, Movimento Bíblico, Movimento Ecumênico, etc., e que traziam um desejo comum: "renovar a vida da Igreja e dos batizados a partir de um retorno às origens cristãs"(7) .
Para seu promotor, o Papa João XXIII(8) , o Concílio deveria ser uma "abertura de janelas" para que um "ar novo e fresco" renovasse a Igreja.
Depois de quatro etapas conciliares, o Papa Paulo VI encerrou o Concílio Ecumênico Vaticano II em uma cerimônia ao ar livre, na Praça de São Pedro, no dia 8 de dezembro de 1965.
Tendo também sido qualificado como o Concílio do Espírito Santo, "O Vaticano II foi um verdadeiro Pentecostes como o mesmo João XXIII havia desejado e ardentemente pedido”(9) e, embora a dimensão carismática jamais deixasse de existir na realidade e na consciência eclesial, sobretudo na Lumen Gentium, em seu primeiro capítulo, o Vaticano II nos torna manifesto esta realidade não como algo secundário, mas como fundamental. Segundo este documento a Igreja é intrinsecamente carismática.
O Concílio Vaticano II não vê nenhum motivo para que se estabeleça uma oposição entre "carisma" e "ministério" ou "carisma" e "instituição"; tal como as instituições e os ministérios, os carismas são realidades igualmente essenciais para a Igreja. O Concílio consegue, assim, superar as antigas impostações dicotômicas que predominaram no campo teológico por vários anos e recupera o equilíbrio salutar da eclesiologia: o Espírito guia a Igreja e a "unifica na comunhão e no ministério; dota-a e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos" (LG 4)(10).
Na perspectiva do Cardeal Suenens, João XXIII estava consciente de que a Igreja necessitava de um novo pentecostes e acrescenta: “Agora, olhando para trás, podemos dizer que o concílio, indicando a sua fé no carisma, fez um gesto profético e preparou os cristãos para acolher a Renovação Carismática que está se espalhando por todos os cinco continentes”(11) .
Na compreensão que tem de si, a Renovação Carismática se percebe como um acontecimento estreitamente vinculado ao Concílio:
A Renovação Carismática apareceu na Igreja Católica no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática a renovação da Igreja, desejada, ordenada e inaugurada pelo Concílio Vaticano II.
Não se havia passado um ano sequer ao término do Concílio, quando em 1966 começou a despontar o fenômeno religioso chamado agora Renovação Carismática(12) .
Não sendo, pois, um acontecimento isolado, podemos localizar a Renovação Carismática como um dos desdobramentos da evolução da espiritualidade pós-conciliar.

Nas próximas semanas vamos postar mais detalhes de como tudo começou! Fique atento pra conhecer melhor a RCC que você participa

BIBLIOGRAFIA: 

1-Síntese realizada a partir da obra de VOLCAN, Marcos Dione Ugoski. Renovação Carismática Católica: uma leitura teológica e pastoral. Tese de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2003.
2-"Épocas caracterizadas por manifestações particularmente intensas de dons e operações do Espírito." (CANTALAMESSA, Raniero. O Canto do Espírito. Meditações sobre o "Veni Criator". 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 189).
3-MUHLEN, Heribert. Fé cristã renovada: carisma, Espírito, libertação. São Paulo: Edições Loyola, 1980, p. 6.
4-Cf. FORTE, Bruno. A Igreja ícone da Trindade: breve eclesiologia. São Paulo: Loyola, 1987, p.13. (Coleção Vaticano II - Comentários - 3).
5-Tradução portuguesa: Sobre o Espírito Santo. 2a. ed. Petrópolis: Vozes, 1946. (Coleção Documentos Pontifícios V) - Alguns autores, fazem referência à influência que uma italiana, Irmã Elena Guerra, teria tido na publicação desta encíclica. A religiosa foi fundadora, em Lucca, Itália, das Irmãs Oblatas do Espírito Santo. Aos cinqüenta anos sentiu-se inspirada em escrever ao Papa Leão XIII, instando-lhe que renovasse a Igreja através da promoção de um retorno ao Espírito Santo. Entre os anos de 1895 e 1903 lhe escreveu 12 cartas onde também sugere que estabeleça uma devoção em toda a Igreja como um "permanente e universal Cenáculo". Além da publicação da referida encíclica, em 1o de janeiro de 1901, Leão XIII dedicou o século XX ao Espírito Santo, entoando em nome de toda Igreja o hino Veni Creator Spiritus. (Cf.: CANTALAMESSA, Raniero; GAETA, Saverio. O sopro do Espírito. São Paulo: Paulus e Editora Ave-Maria, 1998, p. 15-16; CHAGAS, C. Op. cit. p. 11; MANSFIELD, P. G. Op. cit. p. 8-10).
6-CHAGAS, Cipriano, OSD. A descoberta do Espírito e suas implicações para uma transformação eclesial – um estudo sobre a Renovação Carismática. Tese de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ, 1976, p.11.
7-SANTANA, Luiz Fernando. O Espírito Santo e a Espiritualidade Cristã. Rio de Janeiro: Edições Bom Pastor, 1999, p. 3-4.
8-"Em seu breve pontificado, Ângelo Roncalli (1881-1963) provocará uma guinada histórica no catolicismo, com o seu testemunho de bondade, com seu espírito de diálogo e com a imprevisível convocação do Concílio Vaticano II." (DE FIORES, Stefano. A "nova" espiritualidade. São Paulo: Editora Cidade Nova/Paulus, 1999, p. 31).
9-CODINA, V. Creo em el Espíritu Santo - Pneumatologia narrativa. Espanha: Sal e Terrae, 1994. p. 51).
10-SANTANA, L. F. Op. cit. p. 41.
11-SUENENS, L. J. O cardeal Suenens opina sobre a Renovação Carismática. In. ALDUNATE, C. et al. A experiência de Pentecostes. A Renovação Carismática na Igreja Católica. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1986, p. 40.
12-RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. A identidade da RCC. São José dos Campos: FUNDEC, s/d, p. 12.

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