27 de nov. de 2011

Papo de Domingo - 1º Domingo do Advento

“AH! SE ROMPESSES OS CÉUS E DESCESSES!”
(Is 63,19b)

Olá amigos Sentinelas da Manhã! Anunciamos um novo dia que vem! Uma manhã que não tem ocaso! Um Deus que não quer se isolar de nós, mas que rompe os céus e desce para caminhar conosco do nosso lado! O tempo do Advento nos recorda essa espera constante e este desejo de que nosso Deus não se esqueça de nós, mas venha em nosso socorro! E o mais bonito é que Ele também deseja vir! E de fato vem! Mas, por que Deus tem que vir? O que ele vem fazer aqui?

O filho imprudente...

Todo filho já deve ter feito essa experiência: ser aconselhado pelos pais, não seguir os conselhos, sofrer as consequências da imprudência e, depois de tudo, correr pedindo socorro aos pais que o ajudem a resolver os problemas. Situação enfrentada diariamente por muitos jovens! E como é duro, não é mesmo? Mas muitos de nós agimos assim não apenas com nossos pais... Agimos assim com Deus.

Na verdade, a humanidade, em diversas ocasiões de sua história, tem se comportado como um filho imprudente. Quantas vezes nós preferimos escutar as vozes do egoísmo, do pecado, da indiferença, do desamor, da exploração da natureza, da guerra, da opressão, da mentira... Essas vozes têm consequências, gerando desgraças e dissabores pra tantas e tantas pessoas. E o pior... Quantas vezes culpamos a Deus pelas desgraças humanas, frutos de nossa inconsequência? Mas muitas destas desgraças são causadas pela nossa imprudência. Deus não tem culpa do que nós fazemos com nosso mundo, com nossa sociedade, com nossa família, com nosso trabalho. Aliás, Deus não tem nada a ver com isso. Nós é que somos peritos em estragar, destruir e, depois de tudo, correr pedindo socorro a Deus, como se ele fosse o responsável pela bagunça.

“Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como pano sujo” (Is 64,5), disse-nos o profeta Isaías na leitura de hoje...

O Deus de amor...

A História humana é olhada por Deus com muita seriedade. Ele a respeita profundamente, mas não a abandona, muito pelo contrário. Ele tem um plano de amor para ela. Ele é Pai (Is 64,7), e por isso quer vir ao nosso encontro e compor história conosco, ajudando-nos a usar a liberdade que Ele nos concedeu pra que geremos mais vida.

Diante de um mundo muito acostumado a confiar apenas em si mesmo, na sua ciência, economia e tecnologia – mas que apesar de tanta coisa boa, gera também a morte e o desespero – somos impelidos a CONFIAR EM DEUS. Só Ele pode dar um jeito na bagunça que nós estamos fazendo. Só Ele é nossa Salvação! Salvação pessoal, pois olha a cada um de nós com carinho e amor únicos, porque somos únicos. Mas salvação coletiva também, porque Ele ama nossa história, o que produzimos de belo com nossas culturas e nossa vida. Deus não nos salva do mundo, nem apesar do mundo. Ele é o Salvador do Mundo, que pertence a Ele, e não ao demônio ou ao reino do pecado (estes o roubaram de seu verdadeiro sentido).

Este é o motivo da celebração do Tempo do Advento, que iniciamos hoje! Temos um Deus que não se esquece de nós, mas que vem em socorro de nossas fraquezas para libertar-nos do pecado e ensinar-nos o caminho da justiça e santidade!

Acontece que Deus já veio, mas Ele prometeu vir de novo!

Celebramos a primeira vinda: nos dois domingos que antecedem o Natal, preparamo-nos especificamente para celebrar a primeira vinda de Deus, na fraqueza carne humana – Jesus Cristo, Senhor Nosso. Nesta primeira vinda recebemos todos os dons (1Cor 1,7) – o Evangelho, a Igreja, os Sacramentos, o Perdão dos pecados, a Salvação, a manifestação do poderoso amor de Deus, que conclui a Aliança da Salvação com a humanidade no sangue de amor doado na Cruz.

Celebramos também a promessa da segunda vinda: Nestes dois primeiros domingos celebramos a esperança cristã. O Senhor virá de novo – eis uma das afirmações centrais da nossa fé! Ele realmente voltará, mas na glória. E neste dia vai completar o que na primeira vinda começou. Irá nos libertar definitivamente do pecado, da morte, da dor. Irá eliminar toda injustiça e toda opressão. Dar-nos-á a participação plena em sua divindade, fazendo-nos gozar eternamente da sua presença.

É muito bom que Deus venha! Ele não veio a primeira vez para nos condenar, mas nos salvou! E na sua segunda vinda completará o que havia iniciado! Com razão disse o Profeta Isaías: “Ah! se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos.” (Is 63,19b;64,4). Ele rompeu os céus e veio até nós, e tudo se derreteu diante de seu amor. E Ele romperá os céus mais uma vez e virá para concluir sua obra de amor. Enquanto isso, o recebemos aos poucos, cada dia, sempre vindo até nós presente na Palavra, no irmão e na Eucaristia. Nunca, de fato, se ouvir dizer de um deus que tenha feito tanto pelos que nele esperam como o faz por nós o Senhor nosso Deus!

“Vigiai!” (Mc 13-37b)

O Natal se aproxima. É muito comum começarmos a enfeitar nossas casas com pinheiros e presépios. Pensamos nos presentes. Preparamos a ceia. Reforçamos os laços de amizade enviando cartões. Milhões de e-mails pipocam em nossas caixas postais... Milhares de recados no Facebook e no Twitter celebram uma grande confraternização... Encontramo-nos com a família... Tudo isto é, certamente, muito bom. Mas o mistério fundamental do Natal, o evento mais substancial da história humana: Deus feito Homem – nossa Salvação, escapa de muitos como água entre os dedos... Vigiemos, pois Jesus quer nascer de novo em nossa história através de nós...

A segunda vinda também se aproxima. Assim como no Natal podemos nos descuidar do mais importante, também na vida podemos esquecer o fundamental – Jesus é o juiz de tudo. E quando ele voltar, irá reparar definitivamente todas as brechas de seus filhos imprudentes, e o Reino que Ele anunciou enfim será pleno entre nós. Se não estivermos vivendo já este Reino, mesmo que em parte tenha de ser vivido na expectativa desta segunda vinda, não poderemos gozar a alegria da Salvação plena que Ele nos promete. Vigiemos, portanto, para não perdermos o “bonde da história”!

Mas o Cristão verdadeiro não tem o que temer: quem se alegra com a primeira vinda e põe em prática o que dela se aprende, certamente não terá medo do Deus de amor que vai se manifestar no final de tudo. Pois ele virá completar a obra de amor que iniciou há 2000 anos atrás.

Por isso dizemos: “Maranathá”! Vem Senhor Jesus!

Pe Alexssander Cordeiro - Assessor Nacional do Ministério Jovem
Arquidiocese de Curitiba
http://blogdopealex.blogspot.com

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